HUMANIZANDO O SABER

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sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Fotógrafa reencena drama real de crianças criadas por animais



Belas e, ao mesmo tempo, perturbadoras, as imagens do mais recente projeto da fotógrafa alemã Julia Fullerton-Batten parecem cenas saídas de contos de fadas.
Mas as vidas que elas retrata são reais, contando - com modelos e produção fotográfica - as histórias de crianças que cresceram isoladas, tendo apenas animais como companhia.
"Há dois tipos de histórias: aquela em que a criança acabou se perdendo na selva e aquela em que o menor cresceu em sua própria casa, mas era tão negligenciado ou abusado que encontrou mais conforto com os animais do que com outros humanos", conta a fotógrafa, em entrevista à BBC.

sábado, 10 de outubro de 2015

DICAS PARA O ENEM E VESTIBULAR!

Atenção com as dicas!
            Eis que os dias fatídicos se aproximam. Depois de estudar o ano inteiro, você, aluno, está prestes a ser avaliado para adentrar o ensino superior de alguma universidade. Mas nada de se sentir pressionado ou com frio na espinha. Este é o momento para quem se preparou, quem se dedicou e até mesmo, por que não dizer, para os sortudos!
Aqui vão algumas dicas interessantes que poderão ajudá-lo nesta hora tão desgastante, física e mentalmente:
·                    Relaxe antes de começar a prova. Se você é do tipo inquieto, tente fazer uma oração, ou uma meditação rápida, enfim, tente entrar em alfa (estado de consciência mais calmo), porque quando o nosso corpo está nessa vibração, a mente trabalha melhor, lembra-se de detalhes, etc.;
·                    Não leve chocolates ou bebidas gaseificadas para ingerir durante as quatro horas diárias de avaliação. O sistema digestivo é o primeiro a sentir os efeitos da pressão mental, do estresse, do cansaço emocional, do nervosismo, entre outros fatores. Você não vai querer ter uma dor de barriga ou uma diarréia no meio dos testes, vai?;
·                    Se você é do tipo que tem sudorese, tremor, dá aquele “branco” antes da prova, desespera quando vê os concorrentes, faça o seguinte: vista uma roupa leve, confortável, e um calçado fácil de tirar. Quando bater o nervosismo, tire os sapatos, ou sandálias, e pise no chão(não esqueça da prece, para acalmar). A energia que emana da terra é revigorante, equilibra a nossa aura, restabelece os fluidos espirituais;
·                    Comece sempre pelas disciplinas que tiver maior intimidade. Dessa forma, você irá aumentar a sua autoconfiança e poderá partir com mais certeza e motivação para as difíceis ou que tenha menor afinidade;
·                    Nunca deixe a redação por último. Leia o tema assim que receber os cadernos para ficar refletindo sobre o mesmo, enquanto começa a responder as outras questões que achar fáceis. Elabore o rascunho em seguida, provavelmente cairá uma dissertação-argumentativa (introdução, desenvolvimento e conclusão), e termine as demais provas. Passe, no final, o texto para a folha definitiva, não sem antes corrigir os seus prováveis erros;
·                    Com as atuais regras para os vestibulares, o chute em uma letra só está descartado. Não cometa esse erro, sua prova será anulada se tiver somente respostas “C”, por exemplo. Lembre-se: a sua redação só será corrigida se você acertar o mínimo de 30% nas provas objetivas. Nada de chutômetro!;
·                    Não estude de véspera. O estudo deve ser diário, contínuo, feito desde sempre. Não se estuda para provas, estuda-se para a vida, para conhecer, para saber, para sonhar. Além de acentuar o seu nervosismo, estudar um dia antes da prova não irá solucionar todas as dúvidas que porventura ocorrerão;
Devemos ter em mente que a universidade é um local que se pretende abrigar gente questionadora, pessoas críticas, que possam debater, discutir, avaliar situações do cotidiano da região, do país e do globo. No ensino superior você corre atrás da sua educação, da sua (in)formação, do seu melhor. Nada de esperar tudo mastigado em fórmulas prontas, como no ensino básico.
Portanto, se você é um leitor compulsivo, um pesquisador nato, um curioso para descobrir as coisas do mundo, um inovador que tem muitas ideias, as faculdades sempre estarão de portas abertas para recebê-lo. Se você é assim, faça suas provas tranquilamente que o resultado será positivo e recompensador. Agora, se você não é empreendedor, é do tipo acomodado, preguiçoso e sem iniciativa, vai ter que esperar um pouco mais. 

http://oblogderedacao.blogspot.com.br/2011/10/dicas-para-o-enem-e-vestibular.html

FRASES-MODELO PARA O INÍCIO DA CONCLUSÃO



A conclusão deve ser sucinta, conter apenas 01 parágrafo e deve retomar a ideia principal, desenvolvida no texto, de forma convincente.
A conclusão deve conter a síntese de tudo o que foi apresentado no texto, e não somente em relação às ideias apresentadas no último parágrafo da CONCLUSÃO.
Não se devem acrescentar informações novas na conclusão, pois se ainda há informações a serem inclusas, o CONCLUSÃO ainda não terminou.

Maneiras de se fazer o parágrafo da conclusão:

 

Retomada da tese

A conclusão é a apresentação da visão geral do assunto tratado, portanto pode-se retomar o que foi apresentado na introdução e/ou na CONCLUSÃO, relembrando a redação como um todo. É uma espécie de fechamento em que se parece dizer de acordo com os exemplos/argumentos/tópicos que foram apresentados no DESENVOLVIMENTO, pode-se concluir que realmente a INTRODUÇÃO é verdadeira.

 

Perspectiva

Pode-se também apresentar possíveis soluções para os problemas expostos na CONCLUSÃO, buscando prováveis resultados (É preciso. É imprescindível. É necessário.), trabalhando com a conscientização geral. Por exemplo: É imprescindível que, diante dos argumentos expostos, todos se conscientizem de que...

 

Oração Coordenada Conclusiva

Pode-se ainda iniciar a conclusão com uma conjunção coordenativa conclusiva - logo, portanto, por isso, por conseguinte, então - apresentando, posteriormente, soluções para os problemas expostos na CONCLUSÃO.

 

Apresento, aqui, algumas frases que podem ajudar, para iniciar a conclusão. Não tomem estas frases como receita infalível. Antes de usá-las, analise bem o tema, planeje incansavelmente a CONCLUSÃO, use sua inteligência, para ter certeza daquilo que será incluso em sua dissertação.

Só depois disso, use estas frases:

Em virtude dos fatos mencionados ...
Por isso tudo ...
Levando-se em consideração esses aspectos ...
Dessa forma ...
Em vista dos argumentos apresentados ...
Dado o exposto ...
Tendo em vista os aspectos observados ...
Levando-se em conta o que foi observado ...
Em virtude do que foi mencionado ...
Por todos esses aspectos ...
Pela observação dos aspectos analisados ...
Portanto ... / logo ... / então ...

 

Após a frase inicial, pode- se continuar a conclusão com as seguintes frases:

 

... somos levados a acreditar que ...
... é-se levado a acreditar que ...
... entendemos que ...
... entende-se que ...
... concluímos que ...
... conclui-se que ...
... percebemos que ...
... percebe-se que ...
... resta aos homens ...
... é imprescindível que todos se conscientizem de que ...
... só nos resta esperar que ...
... é preciso que ...
... é necessário que ...
... faz-se necessário que ...

Fonte:http://oblogderedacao.blogspot.com.br/2012/12/frases-modelo-para-o-inicio-da-conclusao.html

terça-feira, 6 de outubro de 2015

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Texto 2 Redução da maioridade penal
Criminalizar adolescentes não reduz o crime

Não há evidências de que a redução impactará a criminalidade ou a impunidade. Ao contrário, é provável que incentive adultos a recrutar jovens ainda mais novos, deslocando o problema novamente. Para mudar o rumo desse debate, cabe então desmitificar alguns pontos

por Robert Muggah

Brasileiros endureceram: 87% são a favor da redução da maioridade penal para 16 anos, dado citado exaustivamente pelos deputados que aprovaram em primeiro turno proposta de emenda constitucional sobre o tema. Tal endurecimento resulta, em parte, do grande alarde feito em torno de crimes violentos cometidos por adolescentes.

Sob a liderança de Eduardo Cunha, atual presidente da Câmara, políticos linha dura e da chamada Bancada BBB – Boi, Bala e Bíblias – acordaram uma nova redação da PEC, focada em crimes violentos, supostamente mais branda que a rejeitada menos de 24 horas antes. Ela também difere da proposta de 1993, que reduziria a maioridade para todos os crimes.

Enquanto isso, a presidente Dilma, seu gabinete e ativistas são absolutamente contrários à medida, não apenas por uma questão de direitos, mas pelas “consequências desastrosas” de colocar adolescentes atrás das grades. Têm razão: aprovada a PEC, o já superlotado sistema prisional brasileiro será ainda mais pressionado. O país tem a quarta maior população carcerária do mundo, superada apenas por Estados Unidos, China e Rússia, que cresceu 33% desde 2008 – à despeito da baixa taxa de elucidação de crimes, menos de 10% para homicídios.

Embora esta já seja uma grande vitória para conservadores, a luta está longe de terminar. O texto ainda será votado em segundo turno na Câmara e, se aprovado, irá para o Senado, onde uma frente progressista já se declarou contra a redução. Há ainda tempo e espaço de manobra para virar o jogo.

Não há evidências de que a redução impactará a criminalidade ou a impunidade. Ao contrário, é provável que incentive adultos a recrutar jovens ainda mais novos, deslocando o problema novamente. Para mudar o rumo desse debate, cabe então desmitificar alguns pontos:

Mito 1. A redução da maioridade penal vai reduzir a violência no Brasil

Menos de 1% de todos os crimes e 0,5% dos homicídios no Brasil são cometidos por adolescentes. Quem mais comete assassinatos no Brasil são adultos.

Mito 2. A redução da idade penal funcionou em outros países

Evidências mostram que reduzir idade penal não reduz a violência – pelo contrário, coloca adolescentes em risco e resulta em maiores taxas de reincidência. De fato, lugares onde aprovou-se a redução – incluindo nos Estados Unidos – estão agora lutando para reverter isso.

Mito 3. A redução da idade penal é coerente com as normas e leis internacionais

ONU, OEA e outros consideram a redução uma violação dos direitos de crianças e adolescentes, indo de encontro às tendências globais para a justiça juvenil.

Mito 4. Investir em formas alternativas de reabilitação é mais caro do que prender

http://diplomatique.org.br/interf/spacer.gifCada detento no sistema federal custa anualmente aos contribuintes cerca de R$ 40 mil. Cada estudante do ensino médio custa apenas RS$ 2.300 ao ano.

Mito 5. Não punimos adolescentes no Brasil

Adolescentes já são punidos através do Estatuto da Criança e do Adolescente a partir dos 12 anos, em sistema sócio-educativo apropriado que prevê até três anos de internação. Investimentos na expansão e melhoria do que já existe podem fazer a diferença.

Robert Muggah é diretor de pesquisas do Instituto Igarapé

http://diplomatique.org.br/acervo.php?id=3137






Texto 1 Redução da maioridade penal
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Maioridade penal: mitos e fatos

por Rubens Naves

Diante de tantos fatos e evidências a esclarecer o engodo em que consiste a apresentação da redução da maioridade penal e do aumento do tempo de internação de adolescentes infratores como fórmulas eficazes para diminuir a criminalidade e a violência, cabe aos cidadãos e eleitores exigir que se eleve o nível do debate

Mais uma vez a sociedade brasileira é bombardeada por uma campanha pelo retrocesso na legislação e nas políticas públicas relativas à responsabilização de adolescentes infratores. Desde a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990, sempre que os cálculos político-eleitorais de lideranças e grupos conservadores revelam oportunidade de exploração da insegurança e do medo para obtenção de votos ou para desviar a atenção do eleitorado de questões “inconvenientes”, propostas para redução da maioridade penal voltam às manchetes.

A lógica das repetitivas campanhas pela redução da maioridade penal é simples. Entre os inúmeros episódios de violência que ocorrem em um país de quase 200 milhões de habitantes, destacam-se alguns casos especialmente atrozes, cujos perpetradores têm menos de 18 anos. Ao mesmo tempo, ignoram-se completamente as estatísticas, evidências e experiências nacionais e internacionais que demonstram a trágica falácia de “soluções” focadas na ampliação do aprisionamento, sobretudo no que tange aos adolescentes infratores. Opera-se, desse modo, uma estratégia de comunicação na contramão de um efetivo processo de esclarecimento, pautado pela racionalidade, pelo pragmatismo e pela ética, que deveria ser a meta e a missão de autoridades públicas, partidos políticos e profissionais da mídia.


Na campanha político-midiático-legislativa atualmente em curso, além da redução da maioridade penal, clama-se pelo aumento do tempo máximo de internação de adolescentes em conflito com a lei – de três para oito anos −, medida igualmente contraindicada.

Apresento, a seguir, as dez principais razões pelas quais a grande maioria dos especialistas e das organizações da sociedade civil que conhecem a situação dos adolescentes infratores – como a Fundação Abrinq/Save The Children – e trabalham por sua recuperação é contra a redução da maioridade penal.

1) É inconstitucional. O artigo 228 da Constituição Federal estabelece que é direito do adolescente menor de 18 anos responder por seus atos mediante o cumprimento de medidas socioeducativas, sendo inimputável em relação ao sistema penal convencional. E, de acordo com o artigo 60, os direitos e as garantias individuais estão entre as “cláusulas pétreas” de nossa Constituição, que só podem ser modificadas por uma nova Assembleia Nacional Constituinte.

2) É uma medida inadequada para o combate à violência e à criminalidade. Além de ser incapaz de tratar o adolescente como prevê o ECA, o sistema carcerário brasileiro tem uma infraestrutura extremamente precária e um déficit de mais de 262 mil vagas. Tratar o adolescente como criminoso e aprisioná-lo com adultos condenados contribuirá para aumentar o inchaço populacional das cadeias, favorecendo o aumento da violência e a aliciação precoce de adolescentes pelas redes do crime organizado, dentro e fora das prisões.


3) Inimputabilidade não é sinônimo de impunidade. O fato de o adolescente ser inimputável penalmente não o exime de ser responsabilizado com medidas socioeducativas, inclusive com a privação de liberdade por até três anos. E, como prevê o artigo 112 do ECA, em casos de adolescentes com graves desvios de personalidade, a internação pode ser estendida pelo tempo que se mostre necessário à proteção da sociedade.


http://diplomatique.org.br/interf/spacer.gif4) O jovem já é responsabilizado. A severidade das medidas socioeducativas é estabelecida de acordo com a gravidade do ato infracional. O ECA prevê seis diferentes medidas socioeducativas, sendo a mais grave delas a restritiva de liberdade. A medida de internação só deve ser aplicada quando: 1) tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa; 2) por reiteração no cometimento de outras infrações graves; 3) por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. A diferença entre o disposto no ECA e no Código Penal está no modo de acompanhamento do percurso dessa pessoa em uma unidade de internação. Pelo ECA e pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), o acompanhamento dos adolescentes autores de atos infracionais pelo Plano Individual de Atendimento (PIA) é o que favorece sua reintegração e a drástica diminuição dos índices de reincidência.

5) O número de adolescentes cumprindo medidas socioeducativas é frequentemente superdimensionado. Da população total de adolescentes no Brasil, apenas 0,09% se encontra em cumprimento de medidas socioeducativas. E, ao considerarmos a população total do país, esse percentual é inferior a 0,01% da população.

6) O Sinase ainda não foi devidamente posto em prática nos estados brasileiros.Segundo dados de 2011 do Conselho Nacional de Justiça(CNJ), em somente 5% das ações judiciais envolvendo adolescentes existem informações sobre o PIA. Desses processos, 77% não aplicam o plano. Além disso, 81% dos adolescentes autores de ato infracional não receberam acompanhamento após o cumprimento de medida socioeducativa.

7) As taxas de reincidência no sistema de atendimento socioeducativo são muito menores que no sistema prisional. Em 2010, no sistema de atendimento da Fundação Casa, do estado de São Paulo, a reincidência foi de 12,8%. No sistema prisional convencional para adultos, essa taxa sobe para 60%. A grande maioria dos adolescentes tem chances concretas de traçar projetos de vida distantes da criminalidade, por isso não devem ser enviados para um sistema que reduz essas chances. Em municípios onde as medidas socioeducativas previstas no ECA e no Sinase são efetivamente aplicadas, como São Carlos (SP), as taxas de reincidência são ainda menores.

8) O aumento de intensidade da punição não reduz os crimes. Prova disso é a Lei de Crimes Hediondos, que, desde que começou a valer, em 1990, não contribuiu para a diminuição desse tipo de delito. Pelo contrário: os crimes aumentaram.

9) As crianças e os adolescentes são as maiores vítimas de violações de direitos. O número de adolescentes e crianças vítimas de crimes e violências é, no Brasil, muito maior que o de jovens infratores. Grande parte dos adolescentes infratores sofreu algum tipo de violência antes de cometer o primeiro ato infracional. Mais de 8.600 crianças e adolescentes foram assassinados no território brasileiro em 2010 (Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil), e mais de 120 mil, vítimas de maus-tratos e agressões, receberam atendimento via Disque 100, entre janeiro e novembro de 2012 (Relatório Disque Direitos Humanos – Disque 100, 2012).

10) As crianças e os adolescentes são sujeitos de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana e, desde 1990, devem receber a proteção integral prevista pelo ECA. A adolescência é uma fase da vida de grande oportunidade para aprendizagem, socialização e desenvolvimento. Atos infracionais cometidos por adolescentes devem ser entendidos como resultado de circunstâncias que podem ser transformadas e de problemas passíveis de superação. Para aumentar as chances de recuperação e de “reinserção” (em muitos casos, seria mais correto dizer “inserção”) social saudável, eles precisam de reais oportunidades – e, certamente, não de sofrer novas violências, conviver com criminosos adultos em prisões superlotadas e carregar o estigma do encarceramento.

Diante de tantos fatos e evidências a esclarecer o engodo em que consiste a apresentação da redução da maioridade penal e do aumento do tempo de internação de adolescentes infratores como fórmulas eficazes para diminuir a criminalidade e a violência, cabe aos cidadãos e eleitores exigir que se eleve o nível do debate.

O discurso do medo e da vingança é muito fácil e marca a história humana como promotor de enormes tragédias – algumas excepcionais e flagrantes, como as guerras declaradas, outras cotidianas e mais veladas, como as políticas de marginalização, punição e encarceramento em massa.

http://diplomatique.org.br/interf/spacer.gifRubens Naves é professor licenciado do Departamento de Teoria Geral do Direito da PUC-SP, sócio titular de Rubens Naves, Santos Jr, Hesketh Escritórios Associados de Advocacia.
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http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1430

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Título: Seremos Herdeiros do pampa pobre?


O nosso tradicionalismo que nesta época aflora em todas as “tribos”, é algo que perpassa a razão não tendo como negar esse encanto e nostalgia que é festejar a Semana Farroupilha. E devemos essa alegria a Paixão Côrtes que fez um trabalho de etnografia do próprio Rio Grande, “vinculando o homem à região, unidos num mesmo universo”, pois como ele mesmo canta, “Rio Grande do Sul, dos prados que não tem fim, por maior que tu sejas Rio Grande, caberás sempre dentro de mim”.
O Rio Grande do Sul é representado pelo hino, pela bandeira, pelas tradições, porém, ele é próprio povo e é o povo que poderá, com consciência da realidade, com coragem e atitude, “servir de modelo a toda a Terra”, pois conforme o gênio Albert Einstein já dizia, “além das aptidões e das qualidades herdadas, é a tradição que faz de nós aquilo que somos”, então que sejamos aguerridos e bravos. E o que herdamos?
Herdei um campo onde o patrão é rei
Tendo poderes sobre o pão e as águas
Onde esquecidos vive o peão sem leis
De pés descalços cabresteando mágoas

É preciso que estejamos vigilantes quanto às leis que estão para serem aprovadas aqui no Estado, pois muitos dos Direitos foram conseguidos com muita luta e não podem ser negados ou perdidos. Precisamos ficar de olho no que os nossos representantes estão fazendo, senão:
Passam as mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas

Enquanto o povo gaúcho está tomado pela euforia farroupilha, os deputados estão aprovando Projetos de Leis que serão prejudiciais a população, pois será um retrocesso às conquistas de vários anos e muitos deles já estão tramitando na câmara. Há dias atrás fizeram votação com plenário vazio – quase todos os jornais mostraram isso – sendo atitude totalmente antidemocrática e um total desrespeito a sociedade, afinal os deputados estão no parlamento para nos representar e não podem ficar de portas fechadas para realizar ações que determinarão o nosso futuro e o de nossos filhos. Precisamos observar quais as intenções dos políticos, principalmente aqueles que fazem discursos enviesados e tangenciados, mascarando a verdade, pois conforme já nos alertava Aristóteles a “turbulência dos demagogos derruba os governos democráticos”.
E a mídia, que deveria mostrar e priorizar assuntos relevantes à população, não cumpre o seu papel social plenamente, como nos alerta Luis Fernando Veríssimo, “às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data” é preciso que procuremos fontes seguras e confiáveis de informação.

O heroísmo dos velhos tempos na qual somos saudosos e demonstramos isso sempre que podemos nos remete a um sentimento confuso. É difícil cultivar as raízes da nossa cultura – que é linda demais – se o nosso Rio Grande está em situação precária.
Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a estória
Não me deixaram nem se quer matizes?

Precisamos nos livrar das ilusões e da paralisia política, sair da comodidade e caminhar em verdadeira liberdade não só no dia 20 de Setembro, mas em todos os dias. Precisamos clarear as nossas ideias e refletir para compreender as estruturas sociais que nos envolvem e sustentam. A verdade não pode ser temida, pois já dizia Platão, “podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz”.  É necessário ação.
Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Portanto, a nossa guerra poderá ser outra e as nossas armas serão o conhecimento e o engajamento e saber quem de fato é o nosso inimigo. Temos que ter motivos reais para nos orgulharmos de ser gaúchos e precisamos nos tornar fortes de novo, pois, “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”.
Os trechos da letra da música do Gaúcho da Fronteira, intercalados aqui, nos advertem que não podemos deixar as próximas gerações serem “herdeiros de um pampa pobre”. Então, que sejamos esclarecidos, unidos, corajosos e virtuosos.


 Artigo para o Jornal Primeira Hora
Aurora: Roseli de Mello